"À Minha Mãe" (Mahmoud Darwish)



Desejo o pão da minha mãe
O café da minha mãe
O seu toque
As memórias da infância crescem em mim
Dia após dia
Eu devo valer a minha vida
Na hora da minha morte
Devo valer as lágrimas da minha mãe.

E se eu voltar um dia
Leva-me como um véu nas tuas pálpebras
Cobre-me os ossos com relva
Abençoada pelos teus passos
Prende-nos um ao outro
Com um caracol do teu cabelo.

Com um fio da bainha da parte de trás do teu vestido
Eu sou capaz de me tornar imortal
Transformar-me em deus
Se tocar nas profundezas do teu coração.

Se eu voltar
Usa-me como madeira para alimentar o teu fogo
Como a corda da roupa no telhado da tua casa
Sem a tua benção
Sou demasiado fraco para estar de pé
Sou demasiado velho.

Devolve-me os mapas das estrelas da infância
Para que eu
Com as andorinhas
Possa desenhar o caminho
De volta para o teu ninho à minha espera.

Mahmoud Darwish, 1970
(Tradução de Eric Lobo)

O Homem de Fez

Retrato de um homem de Fez,
pintura de Elinor P. Adams, 1908
Uma história muito interessante, trata-se da conversa entre um embaixador italiano e um comerciante muçulmano no final do séc. XIX:

"Hoje, eu tive uma animada discussão com um comerciante de Fez (Marrocos) para descobrir o que os mouros acham da civilização européia. Ele era um homem fino, com cerca de quarenta anos de idade e uma face séria e honesta. Fizera viagens de negócio às mais importantes cidades da Europa ocidental e vivera bastante em Tânger, onde aprendeu o espanhol. Perguntei-lhe que tipo de impressão as grandes cidades europeias lhe causaram. Ele me olhou duro e respondeu friamente: 'Ruas amplas, lojas finas, lindos palácios, boas oficinas, tudo limpo.' Deu a impressão, com estas palavras que mencionara tudo que era digno de louvor nos países europeus.

'O senhor não encontrou mais nada que seja belo e bom?', eu lhe perguntei. Fiz referência aos confortos da civilização européia...

'Isto é verdade', retrucou ele. 'Um pouco de sol? Uma viseira! Chuva? Uma sombrinha! Poeira? Um par de luvas! Uma caminhada? Uma bengala! Olhar em volta? Um par de óculos! Uma excursão? Um carro! Para sentar? Uma cadeira! Comer? Garfos e facas! Um arranhão? Um médico! Morte? Uma estátua!Vocês realmente são homens? Por Dios, vocês são crianças!

Ele chegou mesmo a mofar de nossa arquitetura, quando mencionei o conforto de nossas casas.

'O quê? Trezentos de vocês vivendo em um único prédio, um em cima do outro! Você tem de subir, subir, subir... Não há ar, nem luz, nem jardim!'

Então eu lhe disse que num domínio ele certamente reconheceria nossa superioridade, pois, em vez de ficarmos preguiçosamente sentados por horas com as pernas cruzadas, empregávamos nosso tempo em milhares de atividades úteis ou divertidas.

A isto ele deu uma resposta mais sutil do que eu esperava: não lhe parecia um bom sinal, respondeu, que sentíssemos necessidade de fazer tantas coisas para passar o tempo. A própria vida deveria ser uma tortura para nós, se éramos totalmente incapazes de nos sentar quietos por uma única hora, sem ficarmos mortos de tédio e tendo de buscar alívio em alguma distração ou conversa. Tínhamos medo de nós mesmos? O que era que nos atormentava?

Mas afinal, perguntei-lhe o senhor não trocaria sua situação pela nossa?

Ele pensou um pouco e respondeu. 'Não. Pois vocês não vivem mais do que nós, nem melhores, nem mais piedosos, nem mais felizes. Vocês deveriam nos deixar em paz. Não queiram que todos devam viver como vocês e ser felizes segundo seus padrões. Não é a toa que Deus colocou um mar entre o Norte da África e a Europa.

Trecho de Fez City of Islam de Titus Buckhardt.

Wadih Al-Safi وديع الصافي



Neste post, vamos falar de mais um artista lendário, com vocês Wadih el Safi, a "Voz do Líbano"! 
Além de um talentoso músico e compositor, ele também foi um reconhecido ator. Suas canções são interpretadas por muitos jovens artistas e sua canção Libnen ya qot'it sama tornou-se um ícone da música popular libanesa.
Nascido de uma família cristã maronita na cidade de Niha, Líbano em 1921, Wadih Francis (nome de batismo) iniciou sua jornada artística e musical quando tinha 17 anos, sendo o vencedor em um concurso de canto realizado por uma estação de rádio libanesa. Seus talentos musicais foram reconhecidos diretamente pelos juízes do concurso e ele foi escolhido como vencedor entre 50 concorrentes.
Após essa conquista musical em uma fase muito precoce, Wadih al Safi começou a estudar no Conservatório Nacional de Música de Beirute onde aprendeu a cantar e compor. Sua voz de tenor possui uma flexibilidade capaz de atingir as notas mais altas. Suas músicas misturam melodias folclóricas tradicionais a ritmos modernos e gira em torno de vários temas, como o patriotismo, nacionalismo, sua educação rural e amor pelos costumes tradicionais libaneses. Com a idade de 26 anos, Wadih se mudou do Líbano para o Brasil, onde permaneceu até 1950. O artista também popularizou a tradicional zajal, a poesia cantada improvisada  no dialeto árabe coloquial libanês. Este ainda é um estilo muito popular no Líbano e em outros lugares do Oriente Médio.

Wadih al-Safi na década de 80
Wadih em concerto com a cantora Najwa Karam (2010)
Além de seu talento musical único, Wadih é capaz de cantar em várias línguas, incluindo francês, português e italiano! Ele foi convidado para tocar em muitos festivais internacionais de música na América Latina, Europa, América do Norte e todo o Oriente  Médio  e Norte de África tendo recebido muitas honras e louvores em países como Tunísia, Jordânia e França por seu extenso repertório que conta com mais de 3000 músicas.
Atualmente aos 92 anos de idade, este incansável talento ainda está ativo na cena musical e participa em vários concertos no Oriente Médio e outros países.  Suas obras-primas musicais e voz única imortalizam a beleza e esplendor do Líbano. É um dos músicos mais reconhecidos e respeitados no Líbano e no mundo árabe.


Vídeos de Wadih al-Safi:
Laylou ya Layla

Amr Diab - Nour El Ain

O cantor egípcio Amr Diab, é o artista árabe que mais vendeu discos em toda a história.  A música Nour El Aein ("Luz dos meus olhos") de 1998 foi um sucesso mundial, que traz a fusão da música árabe com o flamenco espanhol  ficou conhecida aqui no Brasil por fazer parte da novela " O Clone". 


Letra e Tradução:

Nour El Ain 

Habibi ya nour el-ain
Ya sakin khayali
A'ashek bakali sneen wala ghayrak bibali
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain, 
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain
Ya sakin khayali

Agmal a'ouyoun filkone ana shiftaha ...
Allah a'alake allah a'la sihraha
A'oyonak maa'aya ...
A'oyonak kifaya ...
Tinawar layali
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain, 
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain
Ya sakin khayali

Kalbak nadani wkal bithibini
Allah a'alake allah
Tamentini
Maa'ak elbidaya ...
Wkoul elhikaya ...
Maa'ak lilnihaya
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain, 
Habibi, Habibi, Habibi ya nour el-ain,
Habibi ... Habibi ... 

"Luz dos meus olhos"

Querida, luz dos meus olhos que mora em meus pensamentos
Estou apaixonado há anos e não há outra em minha mente
Querida, luz dos meus olhos que mora em meus pensamentos
Estou apaixonado há anos e não há outra em minha mente
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Que mora em meus pensamentos...

Os mais lindos olhos que já vi no mundo
Que Deus te abençoe pelo feitiço deles
Os mais lindos olhos que já vi no mundo
Que Deus te abençoe pelo feitiço deles
Teus olhos estão comigo, teus olhos me são suficientes,
Teus olhos estão comigo, teus olhos me são suficientes,
Eles Iluminam as minhas noites
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Que mora em meus pensamentos...

Teu coração me chamou e disse que me ama
Que Deus esteja contigo, pois você me tranquilizou
Teu coração me chamou e disse que  me ama
Que Deus esteja contigo, pois você me tranquilizou
Com você está o começo, e toda a história
Com você está o começo, e toda a história
E contigo estarei até o fim...
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Querida, querida, querida,  luz dos meus olhos
Querida... querida...

Hermeen "A Rosa da Primavera" 1956

Esse clipe é parte do filme Nedaa al Hob ("O Chamado do Amor", 1956)  nesta cena a famosa bailarina   egípcia Hermeen  está dançando a música  Zahret el Rabe3 ( "A Rosa da Primavera").


(Pesquisa de Maria Nilda)
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